Olhar ativo e questionador
Você sabe fazer perguntas?
Muitas vezes, por razões variadas que vão do cansaço à falta de interesse, passamos os olhos pelo ambiente ao redor e simplesmente identificamos os elementos presentes sem fazer sequer uma pergunta a seu respeito.
- O que é isso?
- Como funciona?
- Para quê serve?
O olhar superficial e pouco interessado fornece nada mais que a informação sobre a existência, ou presença, de elementos no meio. Assim, informações essenciais para a interpretação e compreensão do sistema analisado, façamos parte dele ou não, podem passar despercebidas e ignoradas pelo simples fato de que não dedicamos alguns segundos para elaborar questões a seu respeito.
Isso é válido tanto para situações de investigação ao ar livre, em estudos do meio, como para situações dentro de uma sala de aula.
O “fazer perguntas” na interação entre professor e aluno
A atitude de aluno e professor são essenciais para tornar cada momento mais rico, interessante e produtivo no que se refere ao aproveitamento das oportunidades de aprendizagem.
Cabe ao professor aproveitar o contexto de suas aulas, onde quer que ocorram, identificando questões que podem ser feitas e instigando os alunos a fazê-las.
As perguntas não devem ser feitas apenas pelo professor! Ele deve dirigir o olhar e o pensar do aluno para que elas surjam em sua própria mente! As respostas, por sua vez, devem vir da argumentação e debate entre os alunos, baseando-se em evidências e conhecimentos prévios.
Ao ser questionado, o professor deve evitar dar as respostas prontas, e sim responder com outras perguntas. Ou ainda melhor, ele deve convidar os outros alunos a responder a questão inicial de um colega, iniciando um debate .
Saber fazer perguntas, identificando questões a serem respondidas, é uma habilidade bastante importante que deve ser desenvolvida nos estudantes.
Esse é um dos desafios do educador!
Que perguntas fazer?
O quê? Como? Onde? Quando? Por quem? Para quem? Qual a causa? Qual a consequência?
Há muitas perguntas possíveis dependendo da situação. Um caminho possível em aulas de Ciências da Natureza, é apresentado a seguir.
– Sobre a natureza do objeto ou fenômeno em questão:
- O que é isso? É um elemento vivo da natureza? É um elemento não vivo da natureza? É um elemento produzido pelo homem? É um fenômeno natural?
– Sobre a sua estrutura, constituição e funcionamento:
- Quais são suas partes? Como funcionam? Como interagem?
- De que é feito? Quais são suas características? Quais são suas propriedades?
– Sobre a interação desse elemento / fenômeno com o meio em que se encontra:
- Como interage com outros elementos? Como influencia o meio? Qual é a sua importância para o equilíbrio do ambiente? O que ocorreria de deixasse de funcionar ou desaparecesse?
Tal progressão de perguntas encaminha o pensamento de modo a interpretar as diversas informações que o meio nos fornece a todo instante, possibilitando sua compreensão e uma interação mais profunda e significativa entre o indivíduo e o contexto em que está ou investiga.
O resultado da prática constante dessa atitude investigativa, questionadora, é a formação de uma rede de conhecimentos que descreve e explica o mundo, tornando-o cada vez mais interessante e desafiador.
Finalizando
A interação dentro de uma sala de aula deve prover oportunidades para questionamentos e argumentações constantes. Ao argumentar baseado em evidências e conhecimentos prévios, o aluno reorganiza seus saberes e estabelece novas relações muitas vezes ainda não pensadas.
Debates em classe, baseados em leituras e investigações realizadas previamente pelos alunos, são excelentes oportunidades para praticar o questionamento e a argumentação. Leia também o artigo sobre Flipped Classroom. Nele é apresentada uma estratégia didática que torna os debates mais frequentes na sala de aula.
Pense a respeito. Reflita sobre suas ações em sala de aula.
Abraços.
Carlos Eduardo Godoy (Prof. Amparo).