Reflexões de professor

pandemia coronavírus

Reflexões de uma pandemia

100 dias! Na verdade, pouco mais que isso!

Dia 19 de março, 4a feira, estive na escola para as últimas arrumações antes de iniciar um período de isolamento social.

Desliguei o computador. Apaguei a lousa. Olhei ainda uma vez para as mesas, já sentindo falta dos alunos.

O silêncio no corredor era assustador. Não me lembro da escola tão quieta.

Imaginei 20, 30, 45 dias trancado em casa.

Estávamos todos assustados. Nossa geração não viveu nada semelhante. Fui para casa sem saber ao certo o que fazer, o que pensar, o que sentir.

Liguei a TV e assisti todos os jornais do dia. Eu precisava saber o que estava acontecendo no mundo. Alguém, em algum laboratório, haveria de encontrar rapidamente o remédio adequado, a vacina que nos protegeria do vírus que se espalhava sorrateiro.

Fiquei assustado com os números.

Olhei ao redor de mim e comecei a imaginar os dias, talvez semanas, seguintes. Não imaginei que seriam meses.

Fui para cozinha e abri os armários. Contei os sacos de arroz, feijão e farofa. Imaginei quanto tempo durariam. Fui ao banheiro e contei também os suprimentos.

Voltei para a sala e arrumei o o local de trabalho. Computador, caderno, canetas… Ali seria o local de onde conduziria as aulas nos próximos dias.

Liguei o computador em busca de notícias na internet. Mais números assustadores. Pareciam cenas de filmes de ficção científica sobre pandemias. Gráficos com pontos coloridos que aumentavam de tamanho em todos os continentes. Não conseguia acreditar que era realidade.

Anoiteceu, chegou a madrugada, minha mente não conseguia desligar… Quase não dormi.

Ao acordar, olhei a luz que entrava pela persiana e torci para que tudo tivesse sido um pesadelo. Não era.

No sábado fui ao supermercado e comprei mais alguns pacotes de comida, imaginando que precisaria cozinhar por até 45 dias. Comprei o que achei suficiente. Estava preocupado com a falta de verduras frescas.

Descobri que o Ceasa entregaria em casa e fiquei satisfeito! Comprei maços de couve, espinafre e cebolinha para congelar, cebola, beterrabas, cenouras… Pronto! Fibras frescas garantidas!

Comecei a comprar outros suprimentos também pela internet.

O tempo passou. Os números iniciais, então assustadores, se tornaram lembranças do passado.

Certa noite, assisti ao filme Perdido em Marte. O personagem de Matt Damon plantou batatas em solo marciano e produziu seu próprio alimento por algum tempo. As verduras frescas estavam acabando. Talvez eu pudesse fazer o mesmo. Olhei mais uma vez ao meu redor, arrastei uma mesa para perto da janela, coloquei sobre ela algumas bacias, reuni vasos e potes plásticos, misturei em outra bacia o solo de alguns vasos que tinha com violetas e crisântemos… preparei tudo para minha horta indoor. Busquei na internet informações sobre a hortaliça mais adequada. Comprei sementes de couve, rabanete, beterraba, agrião, manjericão e espinafre. Ao longo da semana seguinte plantei todas as sementes!

Enquanto isso, as aulas virtuais foram se aprimorando. O que era para ser temporário, se tornou mais que isso. Curadoria de material na web, produção de videoaulas, novas estratégias, novos recursos… A sala de aula mudou, muito!

Aulas síncronas, aulas assíncronas, leitura de imagens, investigações em casa, fórum, conferência… Zoom! Captura de imagens, edição de imagens, upload de vídeo para o Youtube, roteiro de gravação, roteiro de aula. O conjunto de habilidades necessárias foi se aprimorando.

Ambiente virtual de aprendizagem, software de captura e edição de vídeo, plataformas para criação de jogos, plataformas para criação de videoaulas mais dinâmicas.

Eu, que já gostava de usar ferramentas tecnológicas nas aulas presenciais, aprendi a ser um professor totalmente virtual.

Sinto saudades dos alunos! Sinto saudades das brincadeiras em classe. Sinto saudades de seu barulho!

Os dias passaram, as semanas passaram, os meses passaram, o semestre passou!

As sementes germinaram. Colhi um rabanete! A couve não se desenvolveu. O agrião também não. Os rabanetes e beterrabas fornecem folhas para o jantar todas as noites! O vaso com espinafre torna verde a sopa das noites frias. O manjericão enriquece o sabor das sopas e pães que tenho feito.

Olho agora ao redor e planejo arrumar a bagunça acumulada.

Penso nas últimas palavras de minha mãe, na última vez que a vi e pude beijá-la. Sinto saudades. A verei em outra dimensão.

Deixei de ler notícias assustadoras. Procuro focar naquelas que trazem alguma esperança. Remédios, vacinas, tratamentos. Eles chegarão. Até lá, cabe a nós fazer a nossa parte, usar máscaras e manter distância dos outros. Estamos aprendendo ainda a lidar com o desafio.

A Ciência se tornou a principal esperança de todos nós.

Enquanto isso, em casa, reflito sobre a vida.

Antes de ser professor fui guia em viagens de ecoturismo e estudo do meio. Todas as semanas estava em algum lugar do Brasil, com crianças de 7 a 70 anos, explorando regiões preservadas com o objetivo de contemplar a natureza, explorando novos locais e despertando em cada um o interesse pelo mundo natural. Nosso planeta é maravilhoso! Montanhas, florestas, praias, cavernas…

Agora, trancado no apartamento, imagino o que se passa na mente de cada ser humano ao redor do planeta. Espero que o tempo de reflexão forçada esteja mudando as pessoas. Me provoca grande sofrimento saber de espécies que desaparecem, florestas sendo queimadas, oceanos sendo poluídos… O que estamos fazendo?

Enquanto a Ciência é nossa maior esperança para vencer a pandemia, a educação é nossa maior esperança para salvar a humanidade de si mesma.

A educação é a maneira pela qual podemos contribuir para formar pessoas capazes de lidar com os desafios da humanidade ao fazer escolhas e realizar ações em busca de suas demandas.

É preciso encantar as novas gerações com a beleza do Universo, com a beleza de cada recanto e cada elemento de nosso planeta. O pequeno e pálido ponto azul, nas palavras de Carl Sagan, que aparece na fotografia tirada pela sonda espacial Voyager, é nossa casa.

Por muito tempo, temos retirado do planeta tudo aquilo que desejamos. Porém, nunca antes a fábula da “galinha dos ovos de ouro” foi tão real. Estamos matando a galinha! O problema é que a galinha é o único planeta conhecido em que podemos viver! Se ele morrer, todos morremos!

Acho difícil mudar a cabeça de tantas pessoas que estão fazendo coisas erradas e destruindo o planeta. Mas acho possível conquistar as crianças, capacitá-las e motivá-las para que busquem o caminho do equilíbrio em nosso futuro próximo.

Encantar-se com o Universo, observá-lo, explorá-lo, investigá-lo, descrevê-lo, explicá-lo na medida do possível, buscar perguntas ainda não respondidas… ou ainda não feitas.

Transformar inquietações da curiosidade em perguntas a serem investigadas. Elaborar perguntas investigáveis, elaborar hipóteses, planejar e conduzir investigações escolhendo as estratégias mais adequadas, analisar dados, argumentar baseado em evidências, elaborar conclusões… Comunicar as descobertas.

Aplicar o conhecimento e experiência adquiridos para enfrentar desafios reais que dificultam a existência humana em condições dignas.

Compartilhar conhecimentos para encantar mais pessoas e auxiliá-las a enfrentar seus desafios.

Precisamos de uma educação que estimule o interesse e o desejo de cuidar do planeta!

Cabe a nós formar formar indivíduos competentemente conscientes, motivados e capazes de agir em busca de um mundo melhor.

O Brasil precisa de uma geração de jovens cientistas motivados, engajados, capacitados para transformar a sociedade e o país!

Cabe a nós educadores, formais ou não, contribuir para a formação de uma sociedade crítica, analítica, capaz de olhar para desafios do presente, embasar-se nos conhecimentos do passado e planejar ações efetivas para construir um mundo melhor.

Não podemos prever o futuro, mas podemos construí-lo com nossas escolhas e ações no presente.

Paulo Freire já dizia que a educação não muda o mundo, ela muda as pessoas. As pessoas sim mudarão o mundo!

Sozinho não posso fazer muita coisa diante de desafios algumas vezes assustadores. Mas posso cativar, capacitar, mobilizar meus alunos de modo que eles descubram seu potencial para mudar o mundo e, juntos, participem de tal tarefa.

Acredito realmente que a educação pode contribuir para desenvolver em cada indivíduo, não apenas o pensamento científico, crítico e estratégico, mas também a vontade de usar todos os seus recursos para mudar o mundo.

Sou apenas um professor, mas posso posso ser “mais um”!

Até o próximo texto.

Abraços.

Carlos Eduardo Godoy.

Metodologias ativas

Metodologias ativas – O que são?

Metodologias ativas

Talvez essa seja uma das expressões mais usadas em textos sobre educação nos últimos tempos. Muitos falam disso! Mas o que são as tais metodologias ativas?

Vamos tentar buscar em nossas próprias memórias a resposta a essa pergunta.

Tente se lembrar de sua vida de estudante! Vá longe, até a escola primária, e volte aos poucos até o presente. Busque memórias das aulas dos primeiros anos de escola e chegue até a graduação e pós-graduação. Tente se lembrar das aulas que mais o(a) motivaram, em que o tempo passou rápido e você não queria que tivessem acabado. Busque também identificar aquelas que deram sono, em que o tempo não passava.

O que as diferencia? O que as caracteriza?

É muito provável que as aulas chatas fossem aquelas em que o professor falava sem parar e você apenas ouvia, imóvel em sua carteira, com a obrigação de anotar tudo. Talvez o assunto fosse chato. Talvez o assunto fosse atraente, mas não desse jeito.

Por outro lado, as aulas interessantes provavelmente foram aquelas em que o professor de alguma maneira o(a) convidava a “pensar e agir”. Ao invés de apenas “ouvir aulas longas e intermináveis”, copiando a matéria da lousa, agora você era atuante e precisava realizar tarefas em que percebia significado e razão de ser. Mesmo sentados na tradicional disposição de uma sala de aula, algumas delas eram capazes de fazê-lo(a) refletir, entrar em conflito com as próprias ideias, buscar estratégias para enfrentar desafios, relacionar o tema de estudo com a própria vida… Ter vontade de seguir as instruções!

Isso é assim até hoje! Ainda existem aulas chatas, e também existem aulas dinâmicas e motivadoras.

Novidades?

Todos temos lembranças agradáveis de professores que tornavam suas aulas inesquecíveis! Eram momentos efêmeros, ainda que durassem toda uma manhã.

Provavelmente eram educadores que já aplicavam em suas aulas estratégias em que a aprendizagem era resultado do fazer do aluno. Talvez não tivessem consciência do quanto suas escolhas metodológicas faziam diferença na motivação das crianças. Ou, ao pensar em seu fazer de professor, se colocavam no papel do aluno e buscavam avidamente planejar atividades que tornassem as aulas momentos desejados e aguardados com ansiedade.

Tenho certeza de que todos tivemos professores assim!

O que mudou? Será que ocorreram grandes mudanças?

Atualmente os professores podem utilizar maior quantidade e diversidade de recursos antes inexistentes. Com os avanços da tecnologia, o professor tem uma verdadeira caixa de ferramentas à sua disposição! Porém, precisa saber o que fazer com elas.

Também temos maior consciência e conhecimentos sobre o funcionamento do cérebro, desde os mecanismos de captação de estímulos até os processos de formação de memórias.

Novas ferramentas e conhecimentos devem servir ao professor como subsídio para suas escolhas e ações.

Princípios e estratégias comuns nas metodologias ativas

Atualmente há muitos pesquisadores que investigam a educação, como se dá a aprendizagem, a relação entre as diversas estratégias e seus resultados… e muito mais. A pesquisa acadêmica olha com cuidado para cada detalhe da sala de aula e busca compreender as minúcias da interação aluno-professor e como isso afeta a aprendizagem.

O resultado de tais pesquisas é que hoje podemos identificar diferentes estratégias/abordagens educacionais que, se adequadamente aplicadas, podem contribuir para motivar estudantes e engajálos no processo de aprendizagem. Em comum, todas elas colocam o aluno como protagonista ao longo do processo.

É lógico que ainda existem aulas expositivas e seria leviandade torná-las vilãs. Na verdade elas são essenciais em diversos momentos. Porém, ao pensar em sequências didáticas e cursos como um todo, aulas expositivas e aulas mais dinâmicas e ativas são colocadas lado a lado como componentes importantes no percurso planejado.

Metodologias ativas

E o professor?

O professor não pode ignorar que seus alunos chegam à sala de aula cada vez com maior quantidade de conhecimentos conceituais adquiridos “por conta própria”, em canais de documentários, no youtube ou outras fontes. Assim, atuar como fonte de informações (conhecimento) não é um papel capaz de garantir o engajamento em suas aulas.

É preciso mudar de posição, “saindo do palco e caminhando em meio à plateia.”

O papel do professor deve ser muito mais de mediador no processo de aprendizagem, acompanhando seus alunos e orientando-os em seu percurso.

O professor deve ser um estrategista que analisa o cenário a todo instante, avaliando suas estratégias e reorientando suas ações de modo a garantir o máximo envolvimento e aproveitamento dos alunos.

Para isso ele deve ter sempre “cartas na manga”, na forma de materiais e estratégias adequados a cada novo desafio que surge.

Nesse contexto a formação continuada é essencial!

Metodologias ativas

Definição

Metodologias ativas são estratégias educacionais que colocam o aluno como protagonista em seu percurso de aprendizagem. O professor deixa de ser apenas um transmissor de informações para ser um mediador no processo em que o aluno desenvolve novas habilidades, competências e os conteúdos conceituais tradicionais.

Alguns ganhos com as metodologias ativas

Não tenho dúvidas de que colocar o aluno para trabalhar, de forma planejada e orientada, contribui para o desenvolvimento de diversas habilidades e competências que em aulas expositivas não são exigidas.

As metodologias ativas certamente contribuem para tornar o estudante melhor preparado para a vida real, pois situações corriqueiras na vida profissional são enfrentadas ao longo de sua vida escolar. Ferramentas e técnicas essenciais nas mais diversas áreas farão parte de sua bagagem pessoal.

O protagonismo o torna mais confiante em seu próprio potencial e aumenta o grau de satisfação com as aulas, professor e escola.

Finalizando

Recomendo que você leia também os artigos sobre Flipped Classroom, Ensino Híbrido e Sequência Didática, nos quais são apresentados alguns exemplos dos princípios aqui mencionados.

Pense a respeito.

Abraços.

Carlos Eduardo Godoy (Prof. Amparo).

DICAS DE LIVROS SOBRE METODOLOGIAS ATIVAS

“O que eu ouço, eu esqueço; o que eu vejo, eu lembro; o que eu faço, eu compreendo”

Confúcio.

O que é Ensino Hibrido

Ensino Híbrido – O que é?

Ensino Híbrido

Ao longo dos últimos meses tem se falado muito de Ensino Híbrido. O que é isso?

Buscando nos dicionários o significado de “híbrido”, é possível encontrar definições próximas de:

  • Originário da mistura de diferentes…
  • Resultado do cruzamento de diferentes…
  • Aquele que apresenta características de diferentes…

Por outro lado, ao buscar o significado de “ensino”, encontramos algo como:

  • Forma sistemática de transmissão de conhecimentos.
  • Ação e efeito de ensinar.
  • Conjunto de estratégias e ações realizadas com o objetivo de ensinar.

O que podemos inferir é que o Ensino Híbrido apresenta características de diferentes estratégias, ou modelos, de ensino:

  1. A tradicional, presencial, que ocorre tipicamente em sala de aula;
  2. A online, virtual, que ocorre mediada por recursos tecnológicos diversos de modo que professor e aluno podem estar em locais, e/ou momentos, diferentes durante o processo de ensino/aprendizagem.

Ensino Hibrido 01É possível afirmar que o Ensino Híbrido busca o que há de melhor, ou mais adequado para um certo contexto educativo, das duas estratégias.

Uma vez que temos dois extremos, híbrido é aquilo que está entre eles. Sendo assim, há uma gradação possível de estratégias na qual em certo momento estamos mais próximos do ensino presencial e em outros momentos estamos mais próximos do ensino totalmente virtual (Exemplo: Cursos na Udemy). A estratégia, ou modelo de aula, escolhida pode variar de acordo com o material disponível, com os espaços de trabalho disponíveis ou com as características do grupo de alunos.

Segundo pesquisadores americanos, o importante para se caracterizar como ensino híbrido é que ocorram momentos de trabalho presencial, na escola, e momentos de trabalho virtual mediado por algum elemento de controle do processo do aluno (Sistema de Gestão de Aprendizagem – LMS).

Porém, ao estudar a viabilidade de aplicação  da metodologia em nossas escolas, pesquisadores brasileiros perceberam que nosso contexto pode apresentar dificuldade de acesso à web e recursos mais sofisticados. Esse fator não poderia ser obstáculo à inovação e busca por melhorias na educação. Assim, focaram na busca por estratégias e uso de recursos de forma inovadora, mesmo que sem acesso ao virtual. (Ver Lilian Bacich em http://info.geekie.com.br/ensino-hibrido-tecnologia/ ).

Ensino Híbrido 02Características do Ensino Híbrido

A diversidade de situações possíveis torna o curso mais dinâmico, interessante, envolvente e participativo. Há momentos individuais e em grupo. Há momentos presenciais e online. Ocorrem rotações entre as atividades, na mesma sala ou entre diferentes espaços. Em certos momentos os alunos escolhem suas atividades. Estuda-se mais em casa e trabalha-se mais em classe. Há mais momentos de ação, de argumentação, de produção!

O estudante deve ser o protagonista no processo e aprender dinamicamente, enfrentando desafios, refletindo sobre estratégias de atuação possíveis, interagindo com seus pares, coletando e analisando dados, interpretando, argumentando, produzindo e compartilhando conteúdos em formatos variados, aprendendo conceitos e desenvolvendo habilidades e competências!

Importância do LMS

Como professor do Ensino Fundamental II, mais precisamente do 6º ano, utilizo diversas estratégias e ferramentas com o objetivo de potencializar a participação do aluno e seu envolvimento no processo de ensino aprendizagem. Em cada momento do curso trabalhamos com recursos que nos permitem realizar tarefas de forma mais eficiente e com melhor qualidade. A tecnologia é uma ferramenta de trabalho e não um fim.

Tal processo é mediado com o auxílio de um LMS (Learning Management System ou Sistema de Gestão de Aprendizagem) que organiza o percurso de aprendizagem. Atualmente utilizo o Canvas LMS, um fantástico ambiente virtual de aprendizagem que possibilita ao professor:

  • Publicar os documentos essenciais de seu curso;
  • Publicar materiais didáticos multimídia – videoaulas, textos de apoio, links externos;
  • Publicar instruções detalhadas para atividades, de forma estruturada e amigável;
  • Realizar avaliações formativas e/ou somativas;
  • Acompanhar o percurso de aprendizagem de cada aluno, identificando mais facilmente seus passos, suas dificuldades e realizações;
  • Interagir com os alunos para solucionar eventuais dúvidas;
  • Oferecer aos alunos diferentes materiais, atividades e caminhos de aprendizagem possíveis de acordo com seu progresso, suas dificuldades ou perfis de aprendizagem;
  • Planejar e organizar seu curso, suas aulas, suas atividades utilizando diversas ferramentas de forma integrada.

Certamente há benefícios para professor e aluno!

A escola no bolso de todos nós

O smartphone que todos carregam no bolso é uma caixa de ferramentas, um verdadeiro canivete suíço, capaz de realizar muitas tarefas, das mais simples às mais complexas. É possível produzir, editar e compartilhar conteúdo com o mundo em questão de minutos!

Não há mais as barreiras espaciais e temporais de uma aula. O aluno pode acessar o material de seu curso a partir de qualquer local com internet disponível. Ele pode fazer isso em qualquer hora do dia!  A sala de aula está dentro do smartphone. O mundo está dentro do smartphone!

O smartphone é o instrumento mais versátil para os usuários do Ensino Híbrido!

Importância do Ensino Híbrido

As aprendizagens resultantes (Ideias, habilidades e competências) de um curso que utiliza tal conjunto de recursos tecnológicos tornam-se realmente aplicáveis na vida real, principalmente no momento em que a evolução científica/tecnológica transforma nosso cotidiano cada vez mais intensamente e rapidamente.

O mundo mudou. O mundo está mudando. O mundo continuará mudando!

Neste contexto o Ensino Híbrido torna-se essencial, pois habilidades e competências ligadas ao uso de recursos tecnológicos como ferramenta de produtividade pessoal não são mais um luxo ou modismo. São pré-requisitos para todas as carreiras!

O Professor Híbrido

E o professor? Ele é um personagem essencial no planejamento, organização e realização de situações de aprendizagem adequadas ao novo contexto!

É ele quem escolhe abordagens, estratégias e ferramentas, prepara ou seleciona materiais de apoio, elabora sequências didáticas e atividades, conduz o processo presencial e/ou virtualmente, avalia o percurso e a aprendizagem do aluno.

Ele precisa ter tempo e condições para dar conta de todas as tarefas que suportam um curso híbrido!

O professor precisa estudar e se aprimorar continuamente, buscando conhecer novas ferramentas (hardware e software) e estratégias didáticas. Esta é uma tarefa árdua, pois o cotidiano do educador é naturalmente intenso.

Pessoalmente, uma vez que nem sempre cursos presenciais ocorrem em momentos favoráveis do calendário, busco ler muito e fazer cursos online. Também procuro acompanhar blogs e grupos de discussão relacionados ao tema.

Finalizando

Recomendo que você leia também o artigo sobre Flipped Classroom. Nele é apresentada uma sequência didática bastante simples, mas que leva em consideração algumas das ideias aqui apresentadas.

Outro artigo recomendado é “O que é Sequência Didática“, no qual são apresentados os princípios da elaboração de sequências didáticas e atividades como aquelas mencionadas aqui.

Por fim, caso você deseje aprender os princípios da produção de videoaulas e edição de vídeos com finalidades didáticas, sugiro que se inscreva no curso “Como criar videoaulas e editar vídeos” elaborado por mim na plataforma de cursos Udemy. Ele é um exemplo de curso totalmente virtual, praticamente sem interação com o instrutor.  O aluno segue seu próprio caminho, com videoaulas e instruções detalhadas, além de exercícios de aplicação do aprendizado criando suas videoaulas.

Pense a respeito.

Abraços.

Carlos Eduardo Godoy (Prof. Amparo).

DICAS DE LIVROS SOBRE ENSINO HÍBRIDO

Leitura de imagem

Treinando o olhar com a leitura de imagem

Você é um bom observador?

Saiba que é possível aprimorar essa habilidade. Para isso, um bom exercício é a leitura de imagem.

Observe a imagem acima com atenção. Ela foi selecionada randomicamente dentre um banco de imagens que representa os muitos elementos e fenômenos naturais.

Analise-a cuidadosamente. Identifique os elementos presentes e sua distribuição. Quais aparecem em primeiro plano? Quais aparecem ao fundo? É possível identificar alguma relação entre os eles? O que podemos inferir a partir da observação? Que outras informações poderiam ser obtidas a partir da observação “ao vivo”?

A seguir, tente responder as perguntas.

Bom trabalho!

 

Caso seja um ser vivo

– É possível observar todo o organismo?

– Que parte dele aparece em destaque?

– Que etapa do ciclo vital é representada?

– Você consegue identificar esse ser vivo?

– Como ele se relaciona a nós? É útil? É perigoso? É indiferente?

– Onde vive?

– Como ele participa da cadeia alimentar?

– O que mais você sabe dizer sobre esse organismo?

Caso seja um fenômeno natural

– Onde ocorre esse fenômeno?

– De que maneira ele influencia na vida dos habitantes do ambiente?

– Que elementos da natureza participam do fenômeno?

– Quais são as causas e consequências desse fenômeno?

– Como ele pode nos afetar?

– Como você explicaria o fenômeno? O que você sabe sobre ele?

Caso seja um ambiente da natureza

– Que elementos vivos e não vivos compõem o ambiente?

– Como os elementos vivos e não vivos estão distribuídos?

– Onde encontramos esse ambiente?

– Como é a relação do ser humano com esse ambiente?

– Quais são as características do ambiente que o definem?

– Quais são as pressões seletivas sobre seus habitantes?

– O que mais você sabe sobre ele?

Para trocar a imagem, recarregue a página (F5 ou refresh)

Finalizando

O olhar atento, analítico, é fundamental para a percepção e compreensão do mundo.

Ele permite a identificação dos elementos que formam os ambientes, dos fenômenos naturais e das relações existentes entre os elementos.

É de grande importância que o professor promova exercícios de treinamento do olhar em suas sequências didáticas.

Caso tenha interesse, clique nos links a seguir e faça download de exemplos de fichas de leitura de imagem. Ficha 01 e Ficha 02.

Teste suas habilidades de observação e identificação de elementos da natureza a partir de detalhes em imagens. Para isso leia o artigo sobre desafios no link!

Leia também o artigo “Observação investigativa“. Ele apresenta uma proposta de progressão no treinamento do olhar.

Abraços.

Carlos Eduardo Godoy (Prof. Amparo.)

Teste seus conhecimentos sobre a natureza! Visite a playlist no Canal Sala de Ciências!

Tecnologia a serviço do professor

Para que serve a tecnologia na vida de um professor?

Não é preciso receber um implante cibernético para que nos tornemos capazes de realizar tarefas que vão além do potencial humano anteriormente conhecido, basta aprender a usar novas ferramentas!

A tecnologia que surge a todo instante e ganha espaço em nossas vidas deve ser vista como muito mais que um kit de acessórios pessoais.

Na verdade, ela está mudando nossa maneira de pensar, de agir, de ser!

Ao aprender a utilizar diferentes recursos externos ao organismo, e fazer deles parte do cotidiano, estamos potencializando nossa capacidade de realizar tarefas como se fôssemos ciborgs, organismos meio homem, meio máquina.

O que antes demorava horas, dias, meses… agora é feito em segundos!

Isso traz economia de tempo, ganho de qualidade e ampliação do universo de possibilidades criativas para um ponto praticamente sem limites.

Além disso, ao criá-las, programá-las, usá-las para resolver desafios, estamos ensinando o cérebro a pensar de maneira mais lógica e objetiva, ampliando o próprio potencial humano. Mas esse é um assunto para a neurociência… sugiro a leitura desses artigos (http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/importante-aprender-programar-787139.shtml e http://tab.uol.com.br/neurohacking/#cerebro-hackeado )

Nesse texto pretendo discorrer apenas sobre a realização de tarefas cotidianas de um professor.

Preciso mesmo disso? O que eu ganho usando essa ferramenta?

Embora possam parecer perguntas de quem não quer usar uma nova ferramenta, tal questionamento é bastante importante!

Para que serve? Como pode me ajudar? Que ganhos terei? Como minha aula pode se tornar mais eficiente? Que aprendizados meus alunos terão? Como integrá-la em minha sequência didática?

Essas perguntas devem ser feitas sempre que nos deparamos com novidades tecnológicas. Lembro-me de quando surgiram os tablets, que logo viraram febre. Depois surgiram os Chromebooks e mais uma vez houve grande estardalhaço. O que fizeram? Como são utilizados? Que ganhos trouxeram?

Penso que são ferramentas úteis, interessantes, cada qual com suas próprias características e aplicações em sala de aula. Assim ocorre também com diversos outros recursos tecnológicos, sejam eles hardware ou software.

O importante é pensar sempre qual será o ganho para professor e/ou aluno com o uso de uma nova tecnologia.

Os recursos tecnológicos devem ser vistos como ferramentas de produtividade pessoal, que permitem a realização de tarefas com maior qualidade, maior eficiência, menor demanda de energia e tempo ou ainda que não poderiam ser realizadas sem sua utilização.

Não tenho dúvidas de que as ferramentas tecnológicas são essenciais no cotidiano escolar. Elas fazem parte do cabedal de recursos que nossos alunos devem aprender a utilizar para lidar com desafios que terão pela frente.

Bernardo Toro, em seus “Códigos da Modernidade”, apresenta um conjunto de competências mínimas para o indivíduo participar de maneira produtiva na sociedade do século XXI.

  • Domínio da leitura e da escrita;
  • Capacidade de fazer cálculos e resolver problemas;
  • Capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações;
  • Capacidade de compreender e atuar em seu entorno social;
  • Receber criticamente os meios de comunicação;
  • Capacidade de localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada;
  • Capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo.

Perrenoud, em seus diversos textos, define competência como a faculdade de mobilizar recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc.) para enfrentar com pertinência e eficácia uma série de situações.

Assim, professores devem apresentar competências necessárias ao desenvolvimento de competências dos alunos, que as utilizarão em seus desafios pessoais.

As ferramentas tecnológicas desempenham papel fundamental nesse contexto, pois o cidadão produtivo deve ser capaz de utilizar recursos disponíveis para realizar as tarefas que lhe são solicitadas. Além de serem essenciais para a realização de determinadas tarefas, as ferramentas tecnológicas contribuem para o desenvolvimento de habilidades e competências diversas.

O que podemos fazer com a tecnologia

Pensando no cotidiano de um professor, seja na interação com o aluno, seja na interação com a escola e o mundo, há diversas situações em que o uso adequado de recursos modernos pode trazer grandes vantagens.

Dentre elas podemos mencionar:

  • Produção de material didático em geral – Suítes Office (Microsoft, Apple, Google, Libre Office e outras) oferecem:
    • Editores de texto – Permitem a produção, correção ortográfica e formatação de textos com alta qualidade visual, tornando mais simples essa tarefa.
    • Editores de slides – Possibilitam a produção de apresentações de slides com textos, imagens, animações e diversos outros recursos que tornam aulas e palestras muito mais interessantes.
    • Planilhas eletrônicas – Organizam dados, produzem gráficos, realizam cálculos complexos e tornam simples a interpretação de resultados numéricos.
  • Produção de e-books interativos – O ibooks Author, da Apple, possibilita a criação de e-books interativos fantásticos! O único senão é que esses e-books são acessíveis apenas em iPads e computadores Mac. Vale a pena conhecer! Há um e-book gratuito, “Life on Earth”, criado como modelo para professores conhecerem as possibilidades didáticas de tal recurso.
  • Edição de imagens (fotos e filmes para videoaulas e outros materiais didáticos) – Boas imagens são essenciais para a produção de material didático atraente e capaz de transmitir mensagens com eficiência. Isso exige alguns cuidados, estratégias, técnicas e ferramentas adequadas. Geralmente temos as seguintes etapas:
    • Captação da imagem com alguma câmera – Atualmente os smartphones possuem câmeras de boa qualidade capazes de dar conta de tal desafio. Ainda assim, é bom lembrar que dificilmente eles atingem a mesma qualidade de imagem que as câmeras profissionais produzem, uma vez que elas são fabricadas para esse objetivo específico.
    • Edição das imagens – Aqui os smartphones levam grande vantagem sobre as câmeras “que não telefonam”. Além de captar as imagens em foto ou vídeo, eles possuem diversos aplicativos capazes de realizar os ajustes necessários. É possível clarear, escurecer, intensificar a cor, recortar e aplicar diversos filtros pré-existentes que melhoram muito a capacidade de comunicar ideias da imagem captada. Caso as imagens tenham sido captadas em câmeras tradicionais, elas devem ser descarregadas em um computador e editadas para obter o máximo de sua qualidade. Isso é possível com alguns softwares bastante fáceis de usar. Exemplos:
      • Filmes – Podem ser editados no Windows Live Movie Maker, no iMovie e outros.
      • Fotografias – Podem ser editadas com o Fast Stone ou com o GIMP.
  • Produção de videoaulas (Filmes ou animações, geralmente narrados pelo professor, que abordam temas variados. São muito mais que apenas uma gravação da aula normalmente dada em classe) – A produção e uso desse tipo de material didático envolve duas etapas.
    • Criação – Esse tipo de material didático pode ser criado a partir de diversas ferramentas:
      • Aplicativos em tablets (Explain Everything, Adobe Spark Video) – Permitem a elaboração de slides, gravação de voz sobre os slides e salvar o arquivo como filme. Posteriormente o filme é publicado em algum serviço na web.
      • Editores de apresentação de slides (Suítes Office) – O professor elabora os slides da mesma maneira que faria para uma aula tradicional ou palestra. Porém, depois grava sua aula (narração) sobre os mesmos e os transforma em filme. Essa etapa era trabalhosa até pouco tempo e envolvia outros softwares para capturar o vídeo e editá-lo. Atualmente isso se tornou bastante fácil com o uso do Office Mix, um complemento gratuito para o Microsoft Power Point (leia um artigo sobre produção de videoaulas com o Office Mix clicando nesse link).
      • Câmeras de vídeo e softwares de edição (Windows Movie Maker, iMovie e outros) – Esses recursos são utilizados quando o professor deseja filmar sua própria aula, editar o filme e compartilhá-lo na web.
      • Serviços nativos da web – Ferramentas que permitem a criação de animações narradas ou não, com imagens e textos (Adobe Spark Video, PowToon e outros).
    • Publicação na web – Uma vez pronto o filme da videoaula, ele pode ser compartilhado com outras pessoas ao ser publicado na web. Isso pode ocorrer de diferentes maneiras:
      • Portal ou LMS (Learning Management System) da escola. Ex.: Moodle, Canvas e outros.
      • Blog do professor – Blogger, Wix e outros.
      • Serviços gratuitos (ou não) como Youtube e Vimeo.
  • Consumo de material didático digital – Materiais impressos são consumidos diretamente pelo aluno na forma de livros, fichas, cartazes e outros. Materiais digitais são consumidos através de tablets, smartphones, Chromebooks e outros computadores. Em alguns casos o material digital está publicado na web e em outros casos ele está instalado no próprio dispositivo.
  • Armazenamento na nuvem – De certa forma é uma publicação na web. Tal recurso permite que o usuário armazene seus arquivos em uma pasta na web. Assim, é possível acessar o material a partir de qualquer local! Não há mais aquele problema de “salvei o arquivo em meu computador pessoal, que está em casa.” Os serviços de hospedagem mais conhecidos são o Dropbox, o OneDrive e Google Drive.
  • Edição colaborativa de documentos online – Documentos armazenados na nuvem podem ser abertos simultaneamente em mais de um local. Ou seja, 3 alunos/professores de um grupo de trabalho podem editar o documento ao mesmo tempo, estejam eles na escola ou em suas casas! No mínimo, esse recurso possibilita ganho de tempo ao permitir o trabalho colaborativo, simultâneo ou não, independentemente da localização dos parceiros de trabalho. Os serviços de colaboração online mais conhecidos são o OneDrive e Google Drive.
  • Interação web para trabalhos em equipe – O uso de diversas ferramentas de comunicação via chat facilitam muito a realização de atividades em equipe. Um exemplo bastante frequente é a produção colaborativa de uma apresentação de slides que será utilizada como material de apoio em seminário. Os integrantes podem editar o documento simultaneamente, cada um de sua casa, comunicando-se via chat! A própria ferramenta de edição colaborativa pode apresentar um mecanismo de chat ou pode-se usar outro como o Skype.
  • Gestão do processo de ensino/aprendizagem pela web – A gestão virtual da interação entre aluno e professor, compartilhando documentos e links e avaliando aprendizagens, é uma tarefa cada vez mais presente. Ela expande a interação aluno/professor para além dos limites espaciais e temporais da aula. Há diversas plataformas em constante evolução que possibilitam essa tarefa: Moodle, Canvas, Google Sala de Aula, Edmodo e outras.
  • Busca de informações na web – A mais conhecida forma de uso da web na escola, como fonte de informações para o professor e aluno. Deve ser feita com cuidado, pois nem tudo que está publicado tem qualidade ou veracidade confirmadas. Os navegadores são a ferramenta por excelência para tal tarefa: Google Chrome, Firefox, Edge, Safári, Ópera…

Finalizando

Recursos tecnológicos representam oportunidades incríveis para o desenvolvimento de novas competências em professores e alunos, tornando-os mais aptos a enfrentar os desafios da modernidade com tranquilidade, eficiência e desenvoltura.

É importante estar atento às novidades da tecnologia, olhar para elas de forma crítica, conhecer seus fundamentos, avaliar a pertinência de seu uso e fazer escolhas!

Leia também o artigo sobre Flipped Classroom e o artigo sobre Sequências Didáticas. Neles, você poderá conhecer algumas situações de uso de ferramentas tecnológicas no contexto sala de aula.

Pense a respeito.

Abraços.

Carlos Eduardo Godoy (Prof. Amparo).

Como criar videoaulas e editar vídeos – Curso na Udemy

Formação continuada de educadores

Fonte da imagem – http://www.freepik.com/free-photo/classmates-having-fun-with-a-laptop_854918.htm
Estudante assistindo videoaula.

Videoaulas – Como fazer?

O que são videoaulas?

Videoaulas são aulas gravadas em formato de vídeo e, atualmente, distribuídas por meio da internet. Algum tempo atrás as videoaulas mais famosas eram aquelas do Telecurso 2º grau, transmitido pela TV.

Hoje em dia, com o surgimento do Youtube e popularização de câmeras e smartphones, qualquer pessoa pode criar seu próprio canal e produzir as próprias videoaulas. Você já tem o seu?

Elas são utilizadas como ferramentas que estendem a escola para muito além das paredes de uma sala de aula, sem limitações espaciais ou temporais para seu uso. Sua utilização possibilita, entre outras coisas:

  • Aplicação da estratégia conhecida como Flipped-Classroom, ou Aula Invertida, em que videoaulas com conceitos fundamentais para a realização de determinada atividade são fornecidas aos alunos para que as assistam previamente em casa. Assim, os alunos preparam-se para aplicar os conhecimentos adquiridos por meio delas em atividades práticas e colaborativas realizadas em sala de aula. A aula torna-se muito mais dinâmica e interessante! Esse é um exemplo de metodologia ativa!
  • Utilização de videoaulas como material de estudo para os alunos realizarem revisões, posteriores às aulas de um certo tema, mesmo fora do ambiente escolar. Essa modalidade é utilizada em períodos de exames escolares, em que todo estudante busca rever a matéria do período e que será avaliada.
  • Realização de cursos totalmente virtuais, sem que o aluno participe de aulas presenciais. Essa modalidade de ensino está se tornando bastante comum e tem sido adotada por universidades famosas que oferecem cursos de extensão universitária.

Em qualquer situação de uso, acredito que as videoaulas sejam muito mais que mero modismo tecnológico. Elas vieram para ficar, estão ganhando espaço e tornam-se cada vez mais essenciais ao processo de ensino-aprendizagem.

Quais são os principais tipos de videoaulas?

Inicialmente as videoaulas eram gravações de aulas normais ministradas em classe. Após a filmagem, elas eram editadas e publicadas na web. Posteriormente, passaram a ser planejadas e gravadas especialmente com essa finalidade, utilizando diferentes ferramentas e estratégias.

Atualmente encontramos:

  • Aulas normais, curriculares, gravadas na própria sala e publicadas, com ou sem produção especial.
  • Aulas gravadas na própria sala, mas com o objetivo específico de publicação na web. São produções mais elaboradas, que podem combinar a lousa com slides do Power Point e até animações sofisticadas.
  • Apresentações de slides narrados pelo professor, que pode aparecer ou não. Esse é um modelo cada vez mais fácil de ser produzido pelo próprio professor, mesmo com pequena infraestrutura.
  • Gravações de telas de tablets, feitas com aplicativos também bastante simples de utilizar.

Quais são as características de uma boa videoaula

Boas videoaulas devem seguir os princípios de uma boa aula em classe:

  • Apresentar o conteúdo de forma clara, objetiva e organizada.
  • Utilizar estímulos visuais e auditivos que levem o aluno a armazenar memórias de diferentes tipos relacionadas ao conteúdo estudado.
  • Questionar o aluno criando conflitos cognitivos que o levem a refletir sobre o seu saber, o seu pensar e o seu fazer. O que já sei sobre o assunto em questão? O que deveria saber e ainda não sei? Como posso vir a saber o que preciso?
  • Auxiliar o aluno a organizar seu conhecimento relacionando-o a situações significativas de seu cotidiano.
  • Apresentar propostas e desafios para que o aluno vá além do que aprendeu e expanda seu conhecimento.

Etapas da elaboração

Assim como todo projeto, videoaulas devem ser planejadas e elaboradas com atenção, de modo a atingir os objetivos da Sequência Didática de que fazem parte.

As principais etapas de sua elaboração são:

  1. Planejamento e definição de objetivos – A quem se destina? Como será utilizada? Em que contexto? Com que objetivo?
  2. Preparação do material e esboço dos slides – Seleção de imagens e textos de apoio.
  3. Elaboração dos slides – Inserção das imagens e textos, diagramando-os de forma equilibrada e atraente.
  4. Gravação ou narração dos slides – Gravar a aula com apoio dos slides e transformá-la em filme.
  5. Edição do vídeo – Seleção e montagem de cenas com boa qualidade técnica.
  6. Publicação na web – Fazer upload para o Youtube, Vimeo, Udemy ou LMS.

Recursos necessários

Ao falar sobre a produção de videoaulas, vou considerar o modelo em que o professor narra uma sequência de slides, como se estivesse dando a aula em classe.

Para elaborar esse tipo de material são necessários:

  • Computador (desktop ou notebook).
  • Microsoft Power Point, Google apresentações ou similar.
  • Software para editar vídeos. Ex.: Movavi Vídeo Suíte.
  • Software para gravar a tela de seu computador. Ex.: Movavi Vídeo Suíte.

Como fazer videoaulas

Produzir videoaulas é algo muito mais simples do que pode parecer!

Imagino que a maioria dos professores já tenha alguma experiência com a elaboração de slides no Power Point, afinal de contas eles podem ser excelente material de apoio durante as aulas, desde que bem feitos.

  1. Com os slides prontos, você deve clicar no botão “apresentação de slides”.
  2. Ao mesmo tempo, deve “ligar” um software para gravar a tela de seu computador.
  3. Em seguida, com o gravador de telas capturando sua aula, você deve “dar a aula”, ou narrar os slides, enquanto sua voz é gravada juntamente com aquilo que aparece na tela do monitor.
  4. Ao final da “aula”, você deve desligar o programa que grava a tela e salvar o arquivo de vídeo resultante.
  5. Esse arquivo deve ser editado e publicado em seu canal no Youtube ou LMS.

Simples, não? Pois é isso mesmo!

Finalizando

O uso planejado de videoaulas traz benefícios inegáveis a professores e alunos, facilitando o trabalho de uns e melhorando a eficiência de outros.

Acredito que esse recurso criou um novo mundo na educação, possibilitando o acesso de material educativo de qualidade a pessoas de qualquer local do planeta, desde que tenha acesso à web.

Leia também o artigo sobre Flipped Classroom e o artigo sobre Sequências Didáticas. Neles, você poderá conhecer algumas modalidades de uso de videoaulas. O artigo “O que é Ensino Híbrido” também é interessante e complementará sua leitura.

Pense a respeito.

Abraços.

Carlos Eduardo Godoy (Prof. Amparo).

Como criar videoaulas e editar vídeos – Curso na Udemy

Formação continuada de educadores

O que é Flipped Classroom?

Flipped Classroom (aula invertida) – O que é?

Lições de casa que preparam o aluno para a aula seguinte não são novidade. O que tem contribuído para a disseminação do termo Flipped classroom (Aula invertida) é o uso da tecnologia como ferramenta de produtividade e material de apoio para alunos e professores.

Veja um exemplo de uso dessa estratégia:

Momento 1 – O professor seleciona, ou cria um vídeo (videoaula) com as ideias essenciais para a aula seguinte. Ele pode usar imagens, falar devagar, explicar detalhes… A gravação pode ser feita diante de uma câmera (o professor aparece), ou narrando uma captura de tela (aparecem os slides).

Exemplo: Videoaula “Vivo ou não vivo”- https://youtu.be/MU6CrIRQYyM

Momento 2 – O professor dá como lição de casa uma atividade em que o conceito da videoaula é aplicado. O aluno pode assistir a videoaula quantas vezes desejar. Caso queira tomar notas, ele pode pausar o vídeo e retomá-lo depois. O acesso pode ser feito em notebooks, desktops, tablets e smartphones.

Exemplo:

a) Assista à videoaula “Vivo ou não vivo” ( https://youtu.be/MU6CrIRQYyM ). Tome nota das ideias principais.

b) Assista ao documentário sobre a Mata Atlântica (https://youtu.be/TjYAwYJJoy4).

c) Responda as perguntas a seguir, registrando suas respostas e dúvidas no caderno.

c.1) Liste elementos vivos e não vivos que caracterizam a Mata Atlântica.

c.2) Descreva o ambiente apresentado no documentário. Escreva um breve texto. Caso tenha dúvidas, reveja a videoaula sobre o comando DESCREVER (https://youtu.be/r7k12uh0fQY).

c.3) Identifique possíveis relações alimentares entre os seres vivos habitantes do local.

Momento 3 – Em classe, ao retomar a lição, a dinâmica é muito mais produtiva do que aquela em que a aula seria usada para apresentar e explicar o conceito de seres vivos. Os alunos chegam com perguntas resultantes da atividade proposta e perguntam ativamente, provavelmente mais do que se a aula seguisse a estratégia tradicional. Nesse exemplo, é possível discutir com os alunos a maneira correta de descrever um ambiente e partir para a construção colaborativa de uma cadeia alimentar do ambiente estudado. É possível também assistir à diversos outros filmes com imagens de seres vivos, enriquecendo a discussão. A preparação anterior do aluno, assistindo à videoaula e aplicando o conhecimento em exercícios, faz com que ele chegue à escola pronto para atividades mais elaboradas que uma simples exposição do conteúdo.

Tecnologia como facilitadora da aula invertida

Do ponto de vista do professor

Os telefones celulares atuais, com câmeras fotográficas e filmadoras, tornaram bastante simples a produção de videoaulas e outros tipos de material de apoio para inverter a aula.

Costumo estar atento às oportunidades que aparecem corriqueiramente, fotografando e filmando elementos da natureza e fenômenos naturais. Algumas vezes chego a montar experimentos para produzir o material desejado.

O material produzido é armazenado, publicado, em meu canal no Youtube – Canal Sala de Ciências. Uma vez publicados, os vídeos podem ser acessados de qualquer local, a todo instante.

Esse tipo de material pode ser usado em diversos momentos da aula, para conquistar a atenção dos alunos, para evidenciar algum conceito, como apoio para lições de casa e aulas invertidas etc. Posso dizer que funciona como um conjunto de cartas na manga que auxiliam a tornar as aulas mais interessantes e motivadoras.

Do ponto de vista do aluno

Se por um lado (do professor) a tecnologia facilita a produção de material audiovisual com as câmeras dos smartphones, por outro lado (do aluno) ela também facilita muito o acesso ao material publicado.

Resumindo

  • Etapa 1 (Elaboração da atividade) – O professor elabora uma sequência de aulas com a estrutura: a) Preparação em casa e b) Realização em classe.
  • Etapa 2 (Seleção, ou produção, de material de apoio) – O professor seleciona, ou produz, vídeos que apresentam informações essenciais para o aluno participar da aula seguinte (ideias, dados do mundo real, procedimentos etc.).
  • Etapa 3 (Orientação dos alunos) – O professor orienta os alunos com precisão: a) Acesse…, b) Assista…, c) Sintetize, elabore, descreva, compare…
  • Etapa 4 – (Aplicação da atividade em classe) – O professor organiza os alunos em classe de modo a utilizarem sua produção da lição de casa como base para o debate e nova produção, agora em sala de aula.

Recursos necessários para usar Flipped Classroom (Aula invertida)

– Professor

  • Repositório de material de apoio audiovisual – Canais no Youtube: do próprio professor ou de outras pessoas / instituições. Exemplos: Canal Sala de Ciências (https://www.youtube.com/saladeciencias).
  • Caso deseje gravar seu próprio material, o professor precisará também de uma câmera (pode ser de um smartphone) e de recursos para editar o vídeo.
  • Plataforma de gestão virtual de aulas (LMS – Canvas, Google Sala de Aula, Moodle, Claroline e outros) ou mesmo um site/blog no qual o professor pode publicar as instruções e os links para o material de apoio.

– Aluno

  • Equipamento com acesso à internet: notebook, desktop, tablet ou smartphone.

Finalizando

Hoje em dia podemos acessar a internet, e consequentemente o Youtube, praticamente de qualquer local. Isso quebra de vez as barreiras geográficas e temporais da sala de aula.

Pense a respeito! Reflita sobre suas aulas e experimente usar esses recursos.

Abraços.

Carlos Eduardo Godoy (Prof. Amparo).

DICAS DE LIVROS SOBRE METODOLOGIAS ATIVAS

Saiba mais sobre Flipped classroom – http://flippedinstitute.org/learning-resources e http://www.educacontic.es/blog/flipped-classroom-herramientas-mas-destacadas-para-comenzar-invertir-en-tu-aula-dchicapardo

Fonte da imagem – http://www.freepik.com/free-vector/retro-elements-for-school_759561.htm